É uma terapia e também uma filosofia que promove a harmonia e o equilíbrio nas relações entre as pessoas. Também ajuda a melhorar a saúde e o bem-estar e abre portas para nossa realização, êxito e alegria de viver. Veja como se faz uma constelação, que tipo de questões ela resolve e como isso atua.
O criador da constelação familiar, o alemão Bert Hellinger, escreveu mais de cem livros traduzidos para cerca de 40 idiomas. A constelação familiar de Bert Hellinger nasceu na década de 1980 como uma terapia familiar e atualmente também é utilizada em aconselhamento educacional, na área jurídica, na área da saúde, em empresas e gestão de negócios e em questões de dinheiro e prosperidade.
Mudando padrões repetitivos
Brigitte Champetier de Ribes nos ensina que as constelações familiares são uma ferramenta que permite transformar os padrões do passado que ignoramos e que pesam sobre nossa vida atual. Esses padrões têm raízes em traumas, conflitos graves e emoções reprimidas, vividos pela própria pessoa ou seus ancestrais. (Ver: https://youtu.be/FGFMcAgL_QA.) O nome Constelação familiar foi utilizado por Bert Hellinger “como um atalho para traduzir os conceitos de recolocação e configuração familiar”. Brigitte Champetier de Ribes, Las fuerzas del amor, Gaia Ediciones, 2018, p. 12.
Como se faz uma constelação?
Nas constelações se utiliza a ferramenta da representação, ou seja, num grupo de pessoas que participa de um workshop de constelações, quando alguém quer constelar, ou seja, quer entender alguma questão na sua vida, os outros participantes podem atuar como representantes, ou seja, um, dois ou mais representantes vão ficar de pé e, vão representar algo, por exemplo, a mãe, ou o pai, ou uma empresa, ou um sintoma físico, cada caso é único. Os representantes se deixam levar pelos movimentos que surgem espontaneamente, em intenção.
Bert Hellinger disse: “De repente, os representantes sentem como as pessoas que estão sendo representadas, sem que as conheçam. Existe, portanto, um saber que vai além de uma comunicação normal.” Bert Hellinger, A fonte não precisa perguntar pelo caminho, Editora Atman, 2012, p. 65. (1ª ed. 2002).
O próprio Bert Hellinger, que criou as constelações, disse: “O que acontece nas constelações familiares é misterioso. Como é possível que pessoas inteiramente estranhas, que não tem a mínima ideia da família ou da pessoa que representam, de repente, reajam como essa pessoa e assumam os seus sentimentos, tipo de comportamento, e até os seus sintomas físicos. Creio que aí temos que modificar algo em nossa concepção de mundo.” Bert Hellinger, A fonte… p. 188.
As constelações são essencialmente fenomenológicas, surgiram a partir da observação, percepção e reflexão a partir do observável. A filosofia e os conhecimentos sistêmicos que fundamentam as constelações foram construídos ao longo de décadas e evoluem conforme somos capazes de entender as dinâmicas que se manifestam.
De onde isso vem?
Mas afinal o que atua nessas sensações? O que leva o corpo a se mover? O próprio Bert Hellinger não conseguia definir exatamente. Numa entrevista publicada em 2001, ele disse: “Não sei, e também evito buscar uma denominação para o fenômeno. Só vejo que essa coisa existe.” Bert Hellinger, Ordens do amor, Editora Cultrix, 2007, p. 403 (1ª ed. 2001).
Já passadas duas décadas desde quando Hellinger fez essa afirmação, Brigitte Champetier de Ribes afirma que hoje sabemos que a impressão digital de nossos ancestrais, a sua marca, está no nosso DNA. Brigitte observa que os consteladores nos baseamos na evidência dos resultados, mas hoje a física quântica e a epigenética já dão conta da explicação científica do que acontece nas constelações. (Ver : https://youtu.be/FGFMcAgL_QA) Esse tema também é abordado no seu livro Los desafíos de la vida actual.
O que é essencial nas constelações familiares?
Segundo Bert Hellinger,
“Elas reúnem o que estava em oposição. Quando alguém estava excluído de uma família, por exemplo, por ser considerado mau, porque é deficiente, ou porque nos esquecemos dele, então há algo perturbado. Nas constelações familiares, o que estava excluído volta a fazer parte da família, volta para a família, dessa maneira, completa-se algo incompleto, e então, a paz volta a reinar.” Bert Hellinger, A paz começa na alma, Editora Atman, 2016, p. 105. (1 ed. 2003).
“Por isso que é um trabalho que trata de conseguir a reconciliação e a paz.” Bert Hellinger, El amor del espíritu: un estado del ser, Rigden-Institut Gestalt Editorial, 2010, p. 155.
O mecanismo é assim:
Numa constelação, algo que era inconsciente é trazido à consciência e então pode ocorrer uma integração e uma consequente pacificação e libertação.
Tudo o que nós ou nossos ancestrais vivenciaram fica registrado em um campo de memórias, de informações inconscientes, chamado campo morfogenético. Nesse campo estão acumuladas emoções e aprendizagens valiosas para nossa vida, mas também existem conflitos, exclusões, traumas antigos que não foram integrados e continuam atuando no sistema familiar. Os descendentes, inconscientemente, entram em ressonância com essas informações e acabam por repetir padrões de sofrimentos, fracassos, atitudes que fazem adoecer, tragédias e todo tipo de dificuldades.
Muitas vezes temos consciência de nossas dificuldades e mesmo assim, por mais que nos esforcemos, não conseguimos sair disso. Por exemplo:
Por que eu me boicoto?
Por que não sou feliz no amor?
Por que não consigo controlar meus impulsos?
Por que me falta energia?
Por que não consigo ganhar dinheiro?
Por que perco tanto dinheiro?
De onde vem essa tristeza?
Por que eu ainda sofro por alguém que se foi?
Por que o meu filho está passando por isso?
Também pode-se usar algumas técnicas da constelação como meio de observar um assunto específico, quando precisamos tomar alguma decisão importante.
Entre as principais causas das nossas dificuldades estão os envolvimentos sistêmicos inconscientes. Muitas questões podem ser resolvidas com psicoterapia, terapias energéticas e mesmo meditação. Mas quando a origem das dificuldades está nos envolvimentos sistêmicos inconscientes, a constelação familiar é a ferramenta mais eficaz e rápida – em muitos casos, só se consegue acessar esse inconsciente coletivo através de uma constelação.
As constelações acessam um nível muito profundo de um inconsciente presente no nosso sistema familiar. Só o fato de ver e tomar consciência da origem sistêmica das nossas dificuldades já é bastante libertador, beneficiando a nós mesmos e todo o sistema familiar. As mudanças na vida serão mais profundas ainda se entendemos o que podemos mudar para viver melhor. Ao decidir mudar os padrões de pensamento, como consequência, as emoções também mudam. Assim, a partir de uma libertação sistêmica, é possível transformar a vida.
Nada acontece por mágica
Temos visto que ocorre uma grande mudança interior quando passamos a viver a filosofia das constelações. Terapia, compreensão e vivência.
Brigitte Champetier de Ribes sempre insiste que as constelações são a ferramenta de uma filosofia, e se o constelador não tem clareza da filosofia, o que vai produzir vai ser algo que refletirá a filosofia que ele mesmo vive, inconscientemente – e não uma Nova Constelação Familiar (que são as constelações que Bert Hellinger passou a desenvolver na década de 2010). (Ver https://youtu.be/TdWTMY0VGLc).
As constelações familiares trazem resultados extraordinários, mas exigem muito de quem decide se aprofundar nesse caminho de crescimento. Exigem uma disposição interior para mudar padrões na nossa vida. Exigem respeito e amor para ver a todos – absolutamente todos – com respeito, com amabilidade. Exigem humildade e maturidade para reconhecer cada um sem preconceitos, julgamentos ou preferências infantis. Exigem aceitação para deixar de lado os ideais, as fantasias, e passar a ver e aceitar a realidade tal como ela é, como se apresenta a cada momento. Exigem coragem para ver eventual mal que fizemos e assumir nossas responsabilidades. Exigem disposição e decisão para reparar o dano causado ou compensar, de alguma maneira, quando não for possível reparar.
As constelações são uma terapia e também uma filosofia que nos mostra como crescer interiormente no sentido da conciliação com tudo e com todos, no sentido de um amor cada vez mais universal e de uma felicidade genuína, atuando de maneira consciente e em harmonia com a realidade tal qual se apresenta.
Ter um olhar benévolo para com todos, indiscriminadamente, gera harmonia interiormente e também externamente, porque você passa a identificar o que as pessoas realmente precisam e o que você pode oferecer – sejam seus familiares, clientes, amigos. Aos poucos, você estabelece um novo equilíbrio em todas as suas relações e aprende a viver centrado, atento, num estado sereno que encara as dores como meios de crescimento e transforma dificuldades em oportunidades de superação.