O amor do Espírito na Hellinger Sciencia – Bert Hellinger – 2008

Este é um livro denso e profundo, com cerca de duzentas páginas com muito conteúdo, que resume e compila os conhecimentos essenciais sobre as constelações familiares. Também traz esclarecimentos e exemplos práticos sobre a fase de desenvolvimento que as constelações estavam atravessando em 2008, que Hellinger chamou de constelações espirituais. Ao mesmo tempo, é um livro didático sobre a compreensão e aplicação do método das constelações familiares.

Hellinger apresenta uma visão não apenas técnica mas também profundamente espiritual das constelações, de acordo com as observações sobre a existência de um movimento que conduz as constelações em direção à solução, que ele denominou de movimento do espírito. Explica e exemplifica a tendência desse movimento a buscar sempre a integração e a paz entre todos. Explica a importância de o constelador conectar-se com um amor maior, que abarca a todos igualmente sem julgamentos.

Hellinger explica que as compreensões fundamentais acerca das ordens que regem as relações humanas chegaram a ele de forma lenta, ao longo de muitos anos. Hellinger também compartilha algumas meditações.

Nesse livro, Hellinger explica claramente suas novas concepções filosóficas relacionadas ao movimento do espírito e à evolução dessa nova ciência do conhecimento das relações humanas, que chamou de Hellinger Science. Mostra a aplicação em diversas áreas, como no relacionamento entre homem e mulher, pais e filhos, saúde e enfermidade, reconciliação e paz, entre outros. 

Começa o livro apresentando uma sistematização bastante completa sobre todos o conhecimento já desenvolvido anteriormente sobre a consciência individual e coletiva, culpa e inocência, ordens do amor no casal e na família. Apresenta então suas recentes compreensões sobre uma nova consciência, a consciência espiritual, mais ampla, capaz de conduzir a profundos movimentos de reconciliação e paz nos relacionamentos humanos. Movidas por essa consciência, as constelações podem encontrar soluções que superam nossos limites – limites impostos pela nossa consciência moral, abrindo caminho para um amor cada vez mais universal. Hellinger compartilha reflexões que nos ajudam a alcançar essa atitude interna amplamente conciliadora.

Hellinger aborda a saúde e a doença, observando os conflitos e desequilíbrios no sistema familiar que levam a doenças – situando-se como terapeuta e respeitando a área médica. Explica que a compreensão do amor que adoece e o amor que cura se mantém no raio de alcance da consciência e por isso é limitada. Ao longo de todo o livro, mostra que, do ponto de vista espiritual, pode-se ver soluções que antes não eram percebidas.

Uma parte do livro é voltada para quem trabalha com ajuda, em especial consteladores familiares. Ensina como ajudar mantendo-se em sintonia com essas novas compreensões, em diferentes casos. E explica que não se trata de memorizar os detalhes para poder aplicar num caso particular; e sim, compreender as experiências, vivenciá-las e ir crescendo com elas. Quando, mais adiante, o constelador se envolver em histórias semelhantes, saberá, a partir do seu interior, do que se trata e poderá seguir suas próprias compreensões de acordo com cada situação. 

Esse cuidado de Hellinger ao esclarecer que deve-se crescer interiormente para ser capaz de compreender cada situação em suas peculiaridades é coerente com algo que ele afirmou já muitas vezes: constelação não é um método mecânico, não segue leis rígidas. É uma filosofia prática, que se construiu a partir da observação de inúmeros casos concretos, e segue em desenvolvimento – até hoje. Portanto, depende da observação do constelador, da sua capacidade de percepção sistêmica e da amplitude de compreensão. Hellinger explica com profundidade temas como a ajuda como profissão, ordens da ajuda, sintonia com a alma, grande alma, destino, entre outros.

Quando explica sobre as constelações familiares do espírito, se aprofunda num capítulo sobre filosofia, constelações e conhecimento fenomenológico. Um dos pontos altos do livro é quando aborda a atitude interior do constelador ou facilitador em constelações familiares. Afirma: “O facilitador de uma constelação deixa-se guiar em todos os sentidos e a cada passo por um Movimento do Espírito. Isso indica com quem trabalhar, quando há permissão para retornar, até onde você pode ir e quando terminar”. Também reforça a necessidade do assentimento a tudo e a todos, tal como são, sem julgamentos, com respeito e amor. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *