Trata-se de um livro introdutório, com cerca de 50 páginas, escrito deliberadamente com linguagem simples, para uma leitura fácil e objetiva. O autor nos encoraja a “aceitar as moedas” de nossos pais, ou seja, adotar uma atitude de aceitar os pais e o que eles têm a oferecer.
O livro inicia com um conto escrito pelo autor sobre duas pessoas diferentes que sonharam que recebiam moedas dos pais, mas cada um reagiu de maneira diferente, tendo assim, diferentes consequências. Seguem alguns trechos do conto:
“Alguém teve um sonho: sonhou que recebia algumas moedas das mãos de seus pais. Não sabemos se eram muitas ou poucas. Também desconhecemos o metal de que eram feitas. Estava contente, encheu-se de ternura e dormiu serenamente o restante da noite. Na manhã seguinte, quando despertou, a sensação de serenidade e satisfação persistia. Então, decidiu caminhar até a casa de seus pais. Quando ali chegou, olhou-lhes nos olhos e disse:
‘Na noite passada, vocês vieram até mim em sonho. E venho lhes dizer: Obrigado, elas são suficientes. São as moedas de que necessito e as que mereço. Assim, eu as tomo com gosto, pois vêm de vocês. Com elas serei capaz de seguir meu próprio caminho.”
Ao ouvir isso, os pais, que como todos os pais se engrandecem por meio do reconhecimento dos filhos, sentiram-se ainda maiores e generosos.
(…)
OUTRA NOITE QUALQUER, de outro tempo qualquer, outra pessoa teve o mesmo sonho. Nesse caso, também não sabemos se eram muitas ou poucas, se eram milhares, centenas, uma. Ao sonhar que recebia em suas mãos as moedas de seus pais, a pessoa sentiu certo incômodo. Sentiu-se invadida por uma amarga inquietude, por uma sensação de tormento e um dilacerante mal-estar. Dormiu o restante da noite remexendo-se agitado entre os lençóis. (…)”
E a história segue descrevendo perfeitamente como se sente, como se comporta e quais as principais dificuldades presentes na vida de quem rejeita os pais e o que os pais lhe deram, sem gratidão. O autor nos presenteia seu profundo conhecimento sistêmico através da descrição e narrativa, sem adentrar em muitas teorias ou explicações. É fácil nos identificarmos com o personagem em algum momento da leitura, e isso nos ajuda a tomar consciência dos efeitos que resultam de nossa postura e nossas atitudes.
Após a história, o autor apresenta comentários ao conto, onde aborda o tema por meio de perguntas e respostas, numa linguagem propositadamente coloquial, próxima da vida prática. O próprio autor explica que não seguiu uma estrutura de tese, e sim organizou o texto de modo que a leitura se assemelhe a uma conversa.
O livro apresenta de maneira organizada, clara e objetiva a essência do vínculo entre pais e filhos, explica como e por que devemos tomar os pais, assumir nossa origem e nosso legado familiar. Exemplifica, por exemplo, quais os sentimentos que nos permitem perceber se tomamos os pais com amor, mostra alguns motivos de nossas resistências e as consequências que resultam de nossas diferentes atitudes.
Esse livro ensina a aceitar e receber tudo o que os pais nos deram, principalmente a vida em si, promovendo nossa reconciliação profunda com a realidade, com a vida e com nós mesmos.