O subtítulo do livro é: o trabalho terapêutico de Bert Hellinger com casais. Na introdução, o organizador do livro, Johannes Neuhauser explica: “Minha contribuição consistiu em grava em vícios, ao longo de três anos, 180 terapias com casais e sete seminários didáticos. A contribuição de Bert Hellinger foram os cursos com casais que apresentou na Alemanha, Áustria, Suíça e Estados Unidos”. Bert Hellinger, Lograr el amor en la pareja. Herder, 2002, p. 11-12 (tradução própria). É um livro rico em conteúdo, com mais de 330 páginas.
Este livro apresenta muitos casos de casais com dificuldades de diversos tipos. Indica muitos caminhos de solução para os relacionamentos, não apenas por meio de constelações, mas também através da explicação de exercícios e de mudanças de atitudes para aumentar a harmonia e o equilíbrio entre casais. Além disso, há bastante conhecimento sistêmico observável nas constelações descritas no livro.
É importante fazer uma observação sobre a técnica das constelações descritas no livro. Neste livro consta a descrição de diversas constelações tradicionais, como Hellinger fazia nesse período das primeiras constelações familiares, nas quais o próprio Hellinger colocava a representação da família completa de cada cliente. Pedia ao cliente que colocasse as mãos sobre os ombros dos representantes e os conduzisse até o lugar onde sentisse ser o mais adequado. Depois, o próprio Bert Hellinger conduzia os representantes para diferentes lugares, buscando a melhor configuração. A melhor solução era aquela na qual todos os representantes se sentissem bem ou ao menos, melhor do que no início.
Para quem deseja se aprofundar nos estudos sobre constelações familiares, este é um ótimo livro para conhecer as origens dessa técnica terapêutica, entender como eram feitas as constelações familiares tradicionais. Por isso, esse livro é importante para conhecer a evolução das constelações, mas não deve servir de guia para um trabalho atual com constelações. Seria como dirigir um carro antigo: não seria possível ir muito longe. Atualmente já foram desenvolvidos muitos recursos para trabalhar com mais eficiência, eficácia e segurança.
Com o tempo, Hellinger passou a compreender melhor o que é que move as constelações para uma solução e, consequentemente, a própria maneira de constelar evoluiu, surgindo as Novas Constelações Familiares, como foram chamadas por Hellinger. Desde 2002, no livro “A fonte não tem que perguntar pelo caminho”, o próprio Bert Hellinger começou a afirmar que era necessário mudar a forma de constelar – apesar disso, a prática das constelações se modificaria lentamente durante a década de 2000.
Um aspecto valioso neste livro é que ele oferece muitas explicações e comentários sobre os mais diversos assuntos. Por exemplo, como lidar com a dor de uma separação, a paternidade e maternidade quando há um filho com necessidades especiais; homossexualidade; como lidar com a morte, entre tantos outros.
Com seu brilhantismo, Hellinger trata de temas importantes que estão na base da filosofia das constelações, compartilhando sua complexa, corajosa e coerente visão de mundo.