Quem pretender ler esse livro em busca de uma sistematização didática sobre as ordens do amor – que dão título ao livro – certamente irá se frustrar. O leitor encontrará temas diversos ao longo de mais de 400 páginas, que trazem explicações profundas e abordagens  utilizadas em vários cursos documentados no livro. 

Trata-se de uma obra ampla e esclarecedora sobre muitos temas que Hellinger havia ensaiado em seus livros anteriores, mas que alcançam, em Ordens do amor, uma maturidade que, para alguns terapeutas mais apressados, poderia significar uma obra acabada. Mas para o incansável Bert Hellinger, tratava-se da maturidade que precede um novo salto qualitativo e transformador – como se poderá vislumbrar na sua obra seguinte: “A fonte não precisa perguntar pelo caminho”. Mas o que alcança maturidade em Ordens do amor?

Podemos dizer que as chamadas constelações tradicionais, que atuavam essencialmente no reordenamento sistêmico, encontram nesse livro sua abordagem mais madura, tanto na descrição do método quanto nas interpretações e conceitos. Sobre os conceitos, ainda que não seja um livro com qualquer pretensão de sistematização, Hellinger apresenta já plenamente desenvolvidos os principais conceitos que deram origem às constelações famliares: a descrição dos sentimentos adotados, do movimento interrompido e a compreensão da ordem do pertencimento. O pertencimento irá evoluir nos livros seguintes, pois em Ordens do amor Hellinger ainda entende que alguns membros perderiam o direito de pertencer ao seu sistema familiar – precisamente, os assassinos e aqueles que abandonam seus filhos. Mas nos livros seguintes, passará a perceber que todos têm o mesmo direito de pertencer, não importa o que tenham feito, e essa compreensão permitirá um salto qualitativo imenso nas constelações nos anos seguintes.

Nesse livro encontra-se descrição e explicações sobre inúmeras dinâmicas sistêmicas envolvendo relacionamentos, saúde, vida e morte, inclusive com descrição e explicação da dinâmica da dupla transferência. Nesse livro somos presenteados com a genialidade da compreensão sistêmica de Hellinger, bem como com a profundidade do método fenomenológico.